segunda-feira, 8 de março de 2010

Procura-se Empreendedor

por Fernando Lenzi*


O titulo deste artigo chama a atenção para uma situação de mercado e para uma das várias polêmicas que rondam o tema empreendedorismo. Estamos cercados de índices que revelam a realidade brasileira e mundial sobre crescimento econômico, desemprego, geração de renda, taxas de juros e empreendedorismo. Mas onde está o empreendedor nisso tudo? Alguns, talvez, diriam que está no centro desta discussão, outros afirmam que é o propulsor disto tudo e, ainda, outra parte dirá que é o motor deste ciclo de desenvolvimento.

De certo todas as opiniões são válidas e refletem uma parte da verdade sobre o tema. Mas há que se entender melhor o papel do empreendedor neste cenário e como ele tem se desenvolvido ao longo dos ajustes de mercado que todos sofrem constantemente. Em um passado mais recente, especificamente desde o ano 2000, podemos acompanhar as pesquisas do GEM (Global Entrepreneurship Monitor), que desencadeiam uma discussão profícua dos índices de empreendedorismo no mundo. Desde o ano 2000 o Brasil ocupa posições de destaque entre os países mais empreendedores, com destaque para o aumentado da sua taxa de empreendedorismo, conforme afirma a pesquisa.

Muitos são os aspectos considerados na formação da Taxa de Empreendedorismo em um país. Porém nossa atenção deve estar voltada, principalmente para um sujeito que se chama "empreendedor". Do ponto de vista acadêmico são inúmeras as definições de empreendedorismo ou empreendedor que merecem reconhecimento.

Do ponto de vista do mercado, seguindo a linha das discussões teóricas e experiências consolidadas, cresce a procura por pessoas com "perfil empreendedor", "características empreendedoras", "iniciativa", "criatividade", "comprometimento", “confiança", "bom relacionamento pessoal", entre outras. Esta situação reflete uma nova visão do mercado, e das empresas, que necessitam deste tipo de pessoa.

O mercado demanda por empreendedores que estruturem seus próprios negócios (empreendedores independentes) capazes de gerar um desenvolvimento econômico e social sustentável. Esta demanda não está nas colunas de empregos dos jornais ou nas empresas de Recursos Humanos. Mas está caracterizada na necessidade que o país tem de criar e manter empresas capazes de gerar renda e empregos para sociedade.

As empresas também demandam empreendedores para trabalhar em seus quadros (empreendedores corporativos), que possuem algumas características que são determinadas pelo ambiente de atuação de cada um dos sujeitos, diferente dos perfis de empreendedores independentes. Mas para efeito desta reflexão, vamos considerá-los com identidades comuns.

Diante deste cenário, o fato a ser considerado como relevante e até preocupante, é que muitas pessoas não estão levando a sério os sinais que o mercado apresenta para esta realidade que vivemos. Queremos ser diferentes, mas fazemos tudo igual aos outros. Queremos crescer profissionalmente, mas não buscamos nos profissionalizar naquilo que pode criar um valor diferenciado para empresa. 

As características citadas anteriormente como sendo identidade de um empreendedor, deveriam ser pré-requisito para qualquer pessoa que deseja entrar ou atuar no mercado de trabalho ou abrir uma empresa. As evidencias são claras que muitos empreendem em um negócio próprio, mas estão longe de entender o funcionamento de uma empresa e não fazem questão de saber, por entenderem ser ótimos naquilo que fazem. E são alguns destes, chamados de aventureiros, que ajudam a incrementar os elevados índices de mortalidade no primeiro, segundo ou terceiro ano de vida da empresa.

Precisamos dar um basta nisto acabando com as aventuras de muitos e com a falta de consciência da necessidade de conhecer mais de negócios e administração antes de entrar neste mercado. Montar uma empresa apenas por conveniência pessoal ou por uma necessidade nem sempre é o melhor caminho. De certo que alguns tem sucesso com seus empreendimentos mesmo sem ter um preparo gerencial. Mas as evidencias são muito fortes que, aquele que não estiver preocupado em se aperfeiçoar pessoalmente e tecnicamente de forma constante, provavelmente amargará uma carreira insignificante ou resultados decepcionantes em suas empreitadas. O que resta a estes? Apenas reclamar da vida e dos outros. Se existem diversas definições para empreendedor, neste caso, podemos afirmar que esta pessoa não é.

Portanto estamos numa realidade irreversível de mercado, mas totalmente reversível e necessária do ponto de vista da educação empreendedora. Talvez não consigamos nos transformar de uma hora para outra, mas devemos ficar ao menos transtornados com este cenário e buscar alguma alternativa. Não é esperando pelos outros que faremos uma mudança, mas poderemos começar por nós mesmos e contaminar outros a promover este quadro revolucionário.

Se você quiser se manter inerte a este quadro, terá todas as condições para isto; mas se quiser fazer a diferença e ser um dos pioneiros desta mudança, também tem todas as condições. A escolha é sua, afinal o mercado procura e precisa de empreendedores.

* Fernando Lenzi é Doutor em Administração pela FEA/USP, Mestre em Administração, Especialista em Marketing, Administrador (CRA/SC 4543). Palestrante e autor de diversos artigos e livros na área de empreendedorismo, liderança e planejamento. Destaque para os livros: "A Nova Geração de Empreendedores" pela Editora Atlas, "O Empreendedor de Visão", pela mesma editora e o lançamento 2010: ¨Ação Empreendedora¨, pela Editora Gente com prefácio de Roberto Shinyashiki. Veja a apresentação do livro no Programa do Faustão, Clique aqui!

www.sejaprofissional.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário